segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tardes de glória (2)

Campo de Futebol

Era aqui que terminavam as tardes da nossa infância e juventude : até a noite cair, quando só já vislumbrávamos vultos e, por vezes, a bola. Éramos uns "privilegiados", porque tínhamos um campo "a sério" (desde os anos 50 do século passado), o que a maior parte das aldeias do nosso concelho e do nosso distrito não possuía.
Era aqui que passávamos grande parte do nosso tempo livre, por isso não admira que, desde 1968, com algumas pequenas interrupções, se pratique futebol de competição, quer na FNAT/INATEL, quer na Associação de Futebol de Beja. Da nossa "cantera" sairam (e continuam a sair) os jogadores que fizeram parte das várias equipas que participaram nesses campeonatos : ao longo destes anos, foram dezenas (ou mesmo centenas) de jovens que vestiram o equipamento vermelho e preto, as nossas cores (primeiro, da Casa do Povo, depois, do CCRD).
Atrevo-me mesmo a dizer que poucos foram os rapazes da nossa aldeia que não envergaram um dia essa camisola.
Ontem, tal como hoje, as crianças que jogam e se divertem neste campo, vão alimentando essas equipas (com uma pequena diferença : fruto da expansão do futebol infantil e juvenil em Beja, são já vários os pequenos atletas que iniciam a sua carreira desportiva em clubes da cidade - o que é muito positivo para eles).
De resto, embora sempre tivessem existido jogadores oriundos de outras localidades, a maior parte era (e é) natural da aldeia : por exemplo, no ano em que vencemos o campeonato distrital do INATEL (1974/75) os 24 jogadores inscritos eram todos de Santa Vitória, ainda que alguns residissem fora, por exemplo, em Lisboa.
Ao fundo, os balneários
Ao longo destes anos, o campo de futebol foi tendo beneficiações, criando melhores condições para a prática da modalidade : já se pode treinar à noite, principalmente no Inverno, porque tem iluminação; existem balneários, onde se pode tomar um duche no final dos treinos ou dos jogos (um "luxo" impensável para várias gerações de atletas); o recinto de jogo tem vedação e bancos de suplentes; todo o campo está vedado por um muro e tem árvores plantadas, no interior e no exterior desta vedação; por fim, mais recentemente foi embelezada toda a zona exterior, junto à estrada, principalmente com a plantação de relva.
Como costumamos brincar por vezes com os jogadores de agora, com todas estas condições ( e outras, como a existência de equipamentos em quantidade e qualidade) , têm a "obrigação" de jogar bem e ganhar troféus.
Os craques do futuro
Como já disse antes, desde 1968 que se pratica futebol de competição na nossa aldeia, a maior parte dos anos no INATEL e com uma passagem de 14 épocas nos campeonatos da AFB (entre 1984/85 e 1998/99). Desta passagem (12 anos na 2ª Divisão Distrital e 2 na 1ª), fica a curiosidade de, logo no primeiro ano da inscrição, a equipa ter subido à primeira divisão, onde encontrou, tal como na outra época nesta divisão (em 1988/89), equipas históricas do nosso distrito, entre as quais o Desportivo de Beja, nessa altura (como agora) na mó de baixo).
De qualquer modo, a época de "glória" foi mesmo a de 1974/75 : a nossa terra era a mais pequena entre as participantes no campeonato desse ano. Entre outras, jogámos com a Vidigueira, Alvito, Ourique, Ervidel. Depois de termos terminado à frente, em igualdade de pontos com o Alvito, um golo memorável, do Jorge Baptista, numa finalíssima memorável, com essa equipa na Vidigueira, deu-nos o título de campeões distritais. Nesse ano, para onde quer que nos deslocávamos, éramos seguidos pelos nossos "torcedores", muitas vezes em autocarros alugados, que vibravam com as vitórias que íamos somando pelos campos do distrito.
Para além da vitória neste campeonato, relembro, numa nota pessoal, o golo mais "saboroso" da minha "carreira" : por ter sido um bom golo, num lance individual, em me que isolei frente ao guarda-redes adversário, depois de ganhar a bola no meio-campo; por ter sido o único golo desse jogo, numa vitória que contribuíu para sermos campeões; e, finalmente, por esse golo ter sido marcado em Ervidel, nossos rivais de sempre (rivalidade saudável e não anti-desportiva).
Para além dos inúmeros jogadores que passaram pelas nossas equipas, seria injusto não referir os muitos voluntários que têm participado como dirigentes, técnicos e colaboradores, bem como entidades locais, de onde se destaca a Junta de Freguesia que, ao longo dos anos, tem criado as condições para que o futebol continue ocupando de forma saudável os tempos livres dos jovens e animando os sábados (ou domingos) à tarde.

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