quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ilídio do Rosário

Hoje em dia, quando se fala de Desporto, é quase inevitável que se pense em futebol (em Portugal, pelo menos). Outras modalidades, que já tiveram grande implantação entre nós, estão relegadas para um segundo plano, no qual se encontra, desde sempre, a maior parte. Falamos, em concreto, de duas, o hóquei em patins e o ciclismo que, não tendo a força que o futebol sempre teve, há uns anos eram, podemos afirmá-lo, modalidades que despertavam paixões por todo o País.
Quer uma quer outra tinham uma explicação : o facto de os  grandes clubes nacionais disputarem entre si os títulos, tal como acontecia no futebol, pelo que os seus adeptos vibravam com as conquistas de campeonatos no hóquei, ou de etapas e voltas a Portugal, no ciclismo.
Mas havia ainda outras razões : no caso do hóquei, o facto de sermos uma potência, que nos levava às conquistas de europeus e mundiais, coisa rara em outras modalidades; no ciclismo, por ser uma das poucas modalidades em que o público podia estar perto dos seus ídolos, quando estes passavam na estrada ou nas mais recônditas aldeias, e também pelas inúmeras provas populares que se disputavam de norte a sul.
Alimentados pelos relatos da rádio e, a partir da década de 60, pela televisão, crescemos a ouvir falar de ídolos como o Livramento, o Agostinho, o Ramalhete ou o Mendes, como vibrávamos com o Eusébio ou com o Damas.

Ilídio do Rosário
Antiga Rua Nova  - Santa Vitória
Quando se fala em ídolos do desporto naturais de Santa Vitória, sem dúvida que o maior, aquele que mais notoriedade alcançou foi o Ilídio do  Rosário. Podemos afirmar que, uma das razões para o ciclismo ter sido tão popular na nossa aldeia, para além das já referidas, foram os sucessos obtidos por este grande desportista.
Em Março de 1961, a revista Alentejo Ilustrado, que se publicava em Beja, escreveu a seguinte notícia :
  O valoroso ciclista sul-alentejano Ilídio do Rosário, que há épocas vem representando com grande brilho as cores do Sport Lisboa e Benfica, viu agora coroada, com o primeiro grande triunfo ao nível nacional, a sua persistente carreira com a obtenção do primeiro lugar, na prova em que os grandes "ases" do ciclismo nacional disputavam o título português de fundo da modalidade.
Ilídio do Rosário, após corrida de grande regularidade, bateu ao "sprint" corredores de grande categoria, como Alves Barbosa, e sagrou-se campeão de 1961.
Apesar de já não representar qualquer agremiação alentejana, pois que nenhuma, infelizmente, se dedica ao ciclismo oficial, Ilídio do Rosário, o rapaz de Santa Vitória, que no Ateneu Comercial de Beja iniciou a sua prometedora carreira, merece os parabéns e a simpatia de todos os verdadeiros alentejanos que desejam ver os seus comprovincianos distinguirem-se em qualquer ramo de actividade.
                  M.T.
Sobre a carreira do Ilídio do Rosário haverá muito mais a dizer. A Ana, sua sobrinha, disponibilizou-se para me emprestar documentos que tem em seu poder, para publicar neste blogue, o que farei um dia destes.