santa vitória: Chaminés (2)

Rua da Boavista

Uma das características mais interessantes da arquitectura tradicional das nossas aldeias, é a existência de chaminés, muitas delas de grandes dimensões, que contrastam com a modéstia de algumas das casas onde estão implantadas.
Quando nos aproximamos de qualquer aldeia, com o seu povoamento concentrado, para além das igrejas, são as chaminés que mais se destacam.
Para além da sua beleza arquitectónica, a chaminé (grande ou pequena) era (e ainda é, em certa medida), local central e privilegiado das nossas casas : para aquecer, nos invernos frios, para curar as linguiças, os chouriços e os paios, mas também o local de encontro, de convívio e de partilha das famílias (sobretudo num tempo em não havia tv, computador ou outras formas de ocupação do tempo).
Hoje em dia, nas novas (ou remodeladas) habitações, essas chaminés são substituídas por outras, mais pequenas, por vezes prefabricadas, algumas até cópias das algarvias. É um sinal dos tempos, que tem a ver com a facilidade e o tempo da sua instalação, mas também com o seu preço.
Restam, então, as mais antigas, algumas já com muitas décadas, umas recuperadas, outras num estado de algum abandono, fruto, afinal, do abandono das próprias casas onde estão instaladas.
Na nossa aldeia encontramos dois tipos de chaminés, das mais antigas : as que têm a forma de paralelipípedo e as circulares. Estas últimas, pela sua cúpula típica, são, certamente, herança da presença islâmica na nossa região, durante cerca de 500 anos. Não precisamos de fazer nenhum esforço, para fazermos uma analogia entre essas cúpulas e as cúpulas das mesquitas do Islão.
Algumas das chaminés mantém, ainda, a data da sua construção. Por exemplo, na da antiga "Sociedade", cuja foto coloquei ontem, ainda que com alguma dificuldade, consegue ler-se o ano de 1914.
Finalmente, outro dos elementos típicos das chaminés é a existência de cataventos, com diversas figuras (não falo claro, das antenas de televisão, mas essa é outra história).