quarta-feira, 6 de abril de 2011

As Termas do Monte da Vinha : o "29"

Desde criança que todos nós ouvimos falar nas Termas do Monte da Vinha e do "29". Da festa que era aquele período em que centenas de pessoas, vindas de todo o lado, ali acorriam para tratar das suas maleitas. Dos comes e bebes, dos bailaricos e de tudo o que servia para as pessoas se divertirem, enquanto ali permaneciam. O dia principal era 29 de Agosto, daí o nome "vinte e nove" dado a essa festa.
O site do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa tem um conjunto interessante de informações, que passo a reproduzir :

"Indicações : Reumatismo 

Instalações/ património construído e ambiental :
No local do poço do qual era retirada água para banhos, no sopé da colina do Monte da Vinha, encontra-se actualmente uma enorme seara, onde não conseguimos distinguir o poço. No fundo deste poço encontrava-se uma galeria com 57,8 m de comprido.
As construções do monte também se encontram em avançada ruína.

Natureza : Cloretada sódica    

Alvará de concessão :  8 de Agosto de 1914. Consideradas abandonadas a 4 de Agosto de 1937.
Historial : Era sobretudo utilizada para banhos. Os aquistas acampavam em redor do poço e no montado anexo, trazendo as banheiras e tinas de casa, e aqueciam a água em caldeiras. Mas segundo informação da proprietária do café da localidade, há já mais de 50 anos que se deixou de utilizar esta nascente, e os próprios moradores de Santa Vitória têm dificuldade em localizá-la.

Província hidromineral  : A  / Bacia hidrográfica do Rio Sado      
Zona geológica : Bacia Terciária do Sado
Fundo geológico (factor geo.) : Rochas sedimentares   
Dureza águas subterrâneas  : 200 e 400 CaCO3 mg/l"
                                                                                       Para aceder ao site, clicar aqui

Foto actual

O nosso conterrâneo António Dias, que editou há alguns anos um livro com poemas da sua autoria (de que falarei um dia destes), dedicou um a este tema.  

                                     Os Banhos do 29
A Ivone fez o pedido                                     Este poema sem valor
Eu achei divertido                                          É feito com muito amor
À praia do 29 fazer um poema                   E também muita paixão
Aceitei o seu pedido,                                     Poema que vou escrever
Por ter algum sentido                                    É para à Ivone oferecer
Fazer versos a este tema                              Com muita satisfação

Não sei porque acabou                                 Foi junto a um barranco                              
Nem como começou                                     Que se criou entretanto
Uma praia que me comove                         Os banhos que se não tinha,
A praia de que vou falar                               Houve muita felicidade
É apenas para recordar                                E muita festividade
Os banhos do 29                                             Junto ao Monte da Vinha

Era um divertimento                                      Já com a água quente
E grande contentamento                               Lá ia toda a gente
Dormirmos ao luar                                          No bidão banho tomar
Podíamos contar as estrelas                         Tudo isto se fazia
Era um encanto vê-las                                     Com pompa e alegria
Quando nos íamos deitar                               Dava gosto na praia andar

A praia não tinha areia                                    Estou a recuar no tempo
Mas também não era feia                                Como se estivesse vivendo
Aos olhos de qualquer pobre,                       O tempo que já passou,
Foi na minha meninice                                     Apesar de pequenino
Estou a citar como disse                                  Eu também tomei banhinho
Os banhos do 29                                                 Como todo o pobre tomou

Com seus vestidos de chita                              Era uma alegria
As moças muito bonitas                                   Quer fosse de noite ou dia
Para o 29 elas iam                                               Faziam-se os bailaricos,
À festa para passear                                           Quando o baile começava
E no 29 a pensar                                                  O moço com moça bailava
Elas quase não dormiam                                  Começavam os namoricos

A água do Monte da Vinha                                 Era água abençoada
A virtude que ela tinha                                        Toda a doença tratava
Era a de curar as dores,                                       Com grande perfeição,
Tratava bicos de papagaio e rins                      Dores de cabeça e tontura
Tratava de doença sem fim                                 Mesmo que não tivesse cura
E tratava as dores aos amores                           Tratava do coração

2 comentários:

  1. Olá Zé Filipe,fui embalada ao som das histórias do dia 29 de Agosto, a minha avó sofreu a vida toda de reumático, todos os anos acampava uma semana no monte da Vinha para fazer tratamentos que, dizia ela, resultavam. Até existe um "dito" regional que diz: "é como a água do monte da Vinha por onde passa mata tudo" não sei se conhece?

    ResponderEliminar